quarta-feira, janeiro 01, 2014

Testing? Testing?

Just Testing...

quarta-feira, agosto 18, 2010

CM - "Fecham mais de mil escolas com menos de 21 alunos" (2010/08/18)

"Fecham mais de mil escolas com menos de 21 alunos"

O que está de errado nesta página da frente do correio da manhã de 2010/08/18?

Quando se procura mais detalhes, descobrimos de novo em letras garrafais no interior do jornal, "escolas para fechar são afinal mais de mil". O problema é que quando lemos a notícia, vemos que o ministério da educação reitera que só 701 escolas vão ser fechadas. A única fonte exterior ao jornal que justifica a notícia é a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) que "acredita ser intenção do governo encerrar todos estes estabelecimentos" porque recebeu uma lista do ME listando 1079 estabelecimentos de ensino com menos de 21 alunos... sabendo que existe intenção de se fechar as escolas com menos de um certo número de alunos. Portanto o problema desta caixa é simples: não se baseando em nada de concreto excepto numa crença de terceiros, e prontamente contrariado por aqueles que têm responsabilidade nas decisões relatadas, não é mais do que uma invenção, uma mentira. Um jornal serve para relatar notícias, e quando relata opiniões, estas devem ser bem identificadas, para que o estatuto da liberdade de opinião se possa aplicar. A responsabilidade do que acontece por se acreditar ou não, numa opinião devidamente identificada, só ao leitor pertence, mas isso já não acontece numa opinião presentada como um facto... Nesse caso, o leitor que paga o seu jornal assume que o facto é verdadeiro, porque é para isso que paga o jornal e é para isso que ele serve... e se o "facto" não é verdadeiro  por se tratar de uma opinião incorrecta, então o jornal está a enganar o seu leitor.

Aqueles que gostam do Correio da Manhã a ponto de o defenderem, provavelmente perguntariam se não é isso que o Governo está fazendo... enganar os seus governados. Sustentariam que o CM se limita a pensar como a ANMP e a tirar as mesmas conclusões, a que dá mais crédito que aos desmentidos do ME. É neste ponto que só tenho a lamentar que o CM seja o diário mais lido dos Portugueses, porque a massa cinzenta nesse raciocínio não abunda. Mil e tal escolas até 20 alunos significa um número entre sete mil e vinte mil alunos que não as poderiam frequentar. Estes têm que ser distribuídos por algum lado, e nada impede que se juntem a outras escolas pequenas que adquiririam massa crítica para sobreviver. E depois existe o factor político, como a notícia do ME que os 1079 escolas da lista pertenceriam a um documento de trabalho para ver as que fecham. Muito provavelmente, mesmo as 701 decididas podem ver a sua decisão revertida e por isso a lista, ainda não foi tornada totalmente pública. A verdade simples é que não existe nada de incoerente entre listar mil escolas com menos de 21 alunos e começar o ano com todas as escolas com mais de vinte, só fechando 701. Se o CM tivesse intitulado "ANMP acredita que fecham mais de mil escolas com menos de 21 alunos", teria feito a sua função como jornal, mas tal como o fez, mentiu aos seus leitores. Mas desde que me lembro do CM, nada disto é novidade (minha preferida deste jornal nos últimos tempos: "Passos Coelho quer retirar da constituição, a 'proibição de despedimentos por justa causa'."... qualquer coisa assim).

domingo, julho 25, 2010

Ficção Científica (Etiqueta: FC)

Se um dos meus maiores prazeres é resolver Puzzles, outro, é ler. Gosto de tudo o que envolva ciência. Hoje em dia, já não leio divulgação porque já não me basta e também porque me ecoam sonhos não cumpridos, mas ficção científica?... é especial para mim. A ficção científica bem feita, é como um puzzle: constrói uma obra onde as peças têm que se encaixar bem. É parecido com um policial ou uma história de detectives, onde há uma trama na realidade que tem que ser destrinçada, mas com a diferença de ser a própria realidade que está a ser construída. A ciência, nas suas vertentes de especulação, exploração e descrição, é sempre a estrela principal. Tenho que ser honesto e admitir que muito do que leio não se enquadra neste aspecto, e mesmo assim gosto. É que, há muito sendo um dado adquirido, a ficção científica passou ela própria a servir de suporte a outras histórias, passou a fazer "cattering" de mundos para a recauchutagem de boas velhas histórias. Não me importo. Eu gosto de ler. E conhecer novos contos.

terça-feira, julho 20, 2010

Jane tem duas filhas

Um dos meus maiores prazeres é resolver puzzles. Eu não quero apresentá-los mas resolvê-los e falar sobre os mesmos... portanto, estão avisados se ao continuarem a ler, sentirem que os estraguei para vocês... estão avisados.

Existem muitos sítios na Net onde se podem procurar puzzles. Um dos meus preferidos nos últimos tempos é o blog de Richard's Wiseman que todas as semanas publica um puzzle às sextas-feiras, que resolve às segundas. Sempre simples de descrever mas muito concorrido nos comentários, este apareceu a 9 de Julho de 2010:

"Alguns meses atrás eu descrevi um enigma ao longo das linhas de ... "Jane tem duas crianças. Um deles é uma filha. Qual é a probabilidade de que sua outra criança seja também uma filha? "

Agora, aqui está uma segunda parte do quebra-cabeça ...

"Jane tem dois crianças. Um deles é uma filha chamada Emma. Qual é a probabilidade de Jane ter duas filhas?"

A estes vou acrescentar mais dois puzzles:

"Jane tem dois crianças, pelo menos uma das quais é uma filha. Questionada sobre o nome dela, disse que se chamava Emma. Qual é a probabilidade de Jane ter duas filhas?"

Esta formulação é minha, e parecendo ser igual à anterior, tenho razões para pensar que não é. A quarta é o puzzle que eu pensava originalmente ser o proposto realmente por Wiseman:

"Jane tem dois crianças, uma das quais é uma filha nascida a uma Terça. Qual é a probabilidade de Jane ter duas filhas?"

Este ultimo foi me passado por um amigo, JCC, e vem de Gary Foshee que fez furor apresentando-o na Gathering for Gardner deste ano, uma convenção bi-anual dedicada a Martin Gardner. Considerada uma gema de primeira água, a primeira reacção é sempre, o que é que a Terça-Feira tem a haver com o problema, e a resposta de Gary quando abandonava o palco foi, "tem tudo a haver".

Apesar de todos estes puzzles serem muito parecidos, podem ter respostas muito diferentes e tão rasteiras que chegam a constituir paradoxos. Comecemos pelo primeiro.

quinta-feira, julho 15, 2010

Um dia com dor de dentes...

Hoje não é talvez o melhor dia para escrever no blog: estou com uma dor de dentes.

A razão porque tenho um blog é, pensava eu, para rentabilizar o que escrevo, para contabilizar o que faço e acima de tudo para deixar uma prova testemunhal das ideias que tive, muitas das quais distribuo por aí. Só em contribuições para BBSs, newsgroups, fóruns, blogs e muito mais, devo ter escrito o suficiente para vários livros de tamanho razoável. E no entanto, o blog tem se quedado vazio, sem nenhumas visitas. Não é que me falte o que escrever, mas escrever sobre o meu trabalho quando ainda não publiquei nada, não parece ser uma boa ideia. E lançar despropositadamente ideias sem saber quem está do outro lado, também não é a minha onda. Eu gostaria de discuti-las com alguém, mas fazê-lo neste momento é convidar à sua descoberta quando já não o puder fazer. Eu sei, já escrevi em linhas de discussão que estavam "mortas" e nunca recebi resposta por elas. Mas também é verdade que já comentei blogs vivos, que nunca me responderam, e não poucas linhas de comentário acabaram quando lancei o meu... culpa da minha verbosidade?

Ou talvez fale de mais na primeira pessoa. Outros blogs espelham as descobertas dos seus autores pela Internet, agregam links, tornam-se aranhas da teia maior. Talvez devesse fazer isso excepto que... o que eu quero realmente, o que eu sei que quero, é deixar a minha pegada. E no entanto acobardo-me sempre no momento D. Sei que tenho algo para dar porque causa do que já contribui, mas acabo por dar nada... enquanto "lá", continuo a dar tudo. Suponho que o meu problema é ser neste momento uma pessoa reactiva. Sempre me defini como um observador, e para mim, isso sempre significou independência e isolamento do observado. Eu posso comentar o que observo e mesmo justificar a pedido, o que poderia ser feito em relação a isso, mas não tenho o ego para criar a observação. Isso seria uma violação do estatuto a que sempre me restringi. Talvez por isso sinta uma tremenda irritação pelo jornalismo que se faz hoje, mais intervenção política e manipulação que informação. Não lhes contesto o direito a tal, mas o jornalismo é para mim das mais nobre das profissões, e vejo tudo isso como sendo uma traição às roupas que vestem. E reajo por isso...

segunda-feira, julho 12, 2010

Pés inchados

O que pode provocar inchaço nos pés? Escrevo as minhas suspeitas antes de ler qualquer coisa mais séria:
  1. Insuficiência cardíaca. Se o sangue não tem pressão suficiente, não consegue regressar ao centro do corpo e acumula-se nas extremidades.
  2. Problemas renais. Antes gostava de água como se de um líquido sagrado se tratasse. Ainda gosto, mas a partir de certa altura passei a beber menos. Bebia às refeições mas depois ganhei a ideia de que água a mais, prejudicaria os efeitos dos sucos digestivos. Bebia muito também desde que fosse gelada, o que será óptimo para contrabalançar o consumo em excesso de calorias, mas depois dei-me conta, finalmente, de que a minha garganta ressentia-se bastante disso. Passei a beber menos. Mas recentemente a minha mãe sugeriu-me que bebesse mais de um litro por dia, e assim o fiz. Inchaço nos pés pode ser ser a consequência negativa que procurava e que denuncia o que não quero encarar: que posso estar a fazer a retenção de líquidos devido a um mau funcionamento dos rins.
  3. Meias duplas. Sempre que posso, ando. Quando vou à Capital, é típico andar mais de 5 quilómetros por dias... e é lá que trabalho presencialmente. Portanto como ando bastante, é vulgar andar com dois pares de meias para proteger os pés de fricções e maus jeitos. Mas e se tal medida, abusada, tem consequências? Poderão os pés, excessivamente tolhidos ou protegidos, em calor ou simplesmente em aperto, sofrerem alterações fisiológicas que justifiquem os inchaços que reparo agora? Hoje fui só com um par pela primeira vez talvez em mais de um ano... parece-me menos inchado que ontem... mas pode ser "whishfull thinking", pensamentos reflectindo o meu desejo.
Seria engraçado se a última ideia fosse a certa. As duas primeiras jogam com causas orgânicas internas que não estão diagnosticadas: as suas revelações, se corresponderem à verdade, não implicam brechas na minha privacidade, porque doenças, todos temos, só as suas causas podem ser particulares e íntimas. Mas a terceira alude a comportamentos. E é objectivamente diferente das outras porque não identifica como este pode originar o problema: porque mecanismo poderiam meias apertadas levar a inchaços crónicos? Acho a ideia engraçada porque o uso de meias duplas é intencional e com pretensão à resolução de problemas... não seria irónico se ele causasse problemas em vez disso? "De boas intenções está o inferno cheio",... não me parece que precise de explicar esta ideia popular. Somente direi que não é a primeira nem seria a última vez que o que parece uma boa ideia, se revelaria detrimental a longo prazo. Tenho muitas no meu curriculum. Por exemplo, e mais uma vez relacionado com os pés, houve uns tempo em que insistia em banhá-los com água bem quente... uma sensação óptima quando os sentia gelados antes, e uma oportunidade religiosa de não fazer nada excepto pensar nesse tempo. Também gostava de andar descalço, mas hoje quando o faço, os pés inevitavelmente secam. Eventualmente, se insisto nisso, ficam secos, gretados e impróprios. E se as duas coisas estão relacionadas? Talvez os banhos quentes que fazia tenham envelhecido os meus pés prematuramente em relação ao resto do corpo... Ironia outra vez.

O nosso corpo é plástico, e os nossos hábitos, os nossos pequenos acidentes moldam-no. Joga-se à bola para se manter a forma física, e pequenas micro-lesões acumulam-se. Um dia descobrimos que a sua capacidade de regeneração está esgotada, e a nossa boa forma física foi uma doação da nossa velhice, que pensado melhor, talvez não quiséssemos ter feito. É difícil encontrar a combinação certa de actos que nos favorecem ao máximo, com menor risco e maior recompensa. A ironia é que sendo seres pensantes, capazes de alterar os nosso hábitos com vista à nossa melhor manutenção, podemos precisamente fazer o contrário. Talvez estivéssemos melhor senão pensássemos tanto.